O paleontólogo William Nava, curador e coordenador do Museu de Paleontologia de Marília, voltou a Pompeia para retomar investigações bem-sucedidas realizadas entre 1994 e 2000. Naquela época, diversos ossos fossilizados que pertenceram a um dinossauro saurópode - Titanossauro – foram encontrados no leito rochoso da estrada municipal do Mil Alqueires. Os fósseis estavam bastante danificados por maquinário utilizado para corrigir a erosão causada pelas chuvas e parte deles foi "cortada ao meio" ficando então exposta ao tempo, o que permitiu sua descoberta, em maio de 1994, quando Nava estava avaliando o local.
Entre os fósseis encontrados, Nava destaca um fêmur quase inteiro, medindo cerca de 1,10 m de comprimento, diversos pedaços de costelas, uma vértebra caudal fragmentada, um úmero (osso da perna dianteira), diversos dentes e muitos outros restos ósseos que não puderam ser identificados devido ao grau de preservação, com ausência das extremidades. Entretanto, trata-se de um achado de extrema importância, pois os fósseis estavam muito próximos uns dos outros, indicando tratar-se de um animal só, que a julgar pelo tamanho do fêmur e do úmero, poderia medir, em vida, cerca de 8 a 10 metros de comprimento, por cerca de 3 de altura.
Paleontólogo William Nava realiza nova expedição em Pompeia (Foto: SECOM)
São raras as descobertas de ossos fossilizados de dinossauros ainda agrupados. Normalmente, os ossos são encontrados isolados, mas na região de Marília as descobertas têm surpreendido os paleontólogos. Em 2009, Nava localizou às margens da rodovia SP 333, entre Marília e Julio Mesquita, ossos de um dinossauro que estavam aflorando no barranco, e após as escavações realizadas entre 2011 e 2013, revelou-se também um Titanossauro com cerca de 70% do esqueleto preservado, sendo considerado atualmente o mais completo dessa espécie já encontrado no Brasil.
William Nava exibe fóssil descoberto em Pompeia (Foto: SECOM)
As rochas existentes nesta região do estado, são conhecidas como arenitos, associadas à "Formação Marília", que abrange vastas porções do centro-oeste e norte do estado, além do oeste de Minas Gerais e sul de Goiás. Em todas essas rochas se encontram vestígios de dinossauros, e os primeiros relatos sobre titanossauros vem da região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, nos anos 1940.
MAIS ACHADOS
Após as coletas desses fósseis, no início dos anos 2000, Nava foi escavar em outros sítios paleontológicos, deixando um pouco de lado as escavações em Pompeia, mas retornou de tempos em tempos para analisar as rochas e averiguar possíveis novos achados. Foi assim em 2016, quando retornou e encontrou, margeando um dos lados da estrada, sob camada de solo, diversos restos ósseos expostos em meio ao arenito. Retirou esse material, identificado posteriormente como fragmentos de costelas, certamente do mesmo titanossauro escavado anos antes. Agora em 2018, nova inspeção de rotina no leito da estrada, revelou novos achados ainda não reconhecidos pelo pesquisador. Ele acredita que se parte da camada de solo existente sobre as rochas for removida, outros fósseis poderão surgir.
Femur de Titanossauro descoberto na estrada do Mil Alqueires em 1994
Pompeia