Após descoberta de
fósseis de Titanossauro, nas décadas de 1990 e 2000, paleontólogo William Nava
retorna a Pompeia para nova expedição na Estrada dos Mil Alqueires
História
Por Secretaria de
Comunicação Social
Pompeia, São Paulo
Quarta-feira, 31 de janeiro
de 2017
O paleontólogo William Nava, curador e coordenador do Museu
de Paleontologia de Marília, voltou a Pompeia para retomar investigações
bem-sucedidas realizadas entre 1994 e 2000. Naquela época, diversos ossos fossilizados
que pertenceram a um dinossauro saurópode - Titanossauro – foram encontrados no
leito rochoso da estrada municipal do Mil Alqueires. Os fósseis estavam
bastante danificados por maquinário utilizado para corrigir a erosão causada
pelas chuvas e parte deles foi "cortada ao meio" ficando então
exposta ao tempo, o que permitiu sua descoberta, em maio de 1994, quando Nava
estava avaliando o local.
Entre os fósseis encontrados, Nava destaca um fêmur quase
inteiro, medindo cerca de 1,10 m de comprimento, diversos pedaços de costelas,
uma vértebra caudal fragmentada, um úmero (osso da perna dianteira), diversos
dentes e muitos outros restos ósseos que não puderam ser identificados devido
ao grau de preservação, com ausência das extremidades. Entretanto, trata-se de
um achado de extrema importância, pois os fósseis estavam muito próximos uns
dos outros, indicando tratar-se de um animal só, que a julgar pelo tamanho do
fêmur e do úmero, poderia medir, em vida, cerca de 8 a 10 metros de
comprimento, por cerca de 3 de altura.
Paleontólogo William Nava realiza nova expedição em
Pompeia (Foto: SECOM)
São raras as descobertas de ossos fossilizados de dinossauros
ainda agrupados. Normalmente, os ossos são encontrados isolados, mas na região
de Marília as descobertas têm surpreendido os paleontólogos. Em 2009, Nava
localizou às margens da rodovia SP 333, entre Marília e Julio Mesquita, ossos
de um dinossauro que estavam aflorando no barranco, e após as escavações
realizadas entre 2011 e 2013, revelou-se também um Titanossauro com cerca de
70% do esqueleto preservado, sendo considerado atualmente o mais completo dessa
espécie já encontrado no Brasil.
William Nava exibe fóssil descoberto em Pompeia
(Foto: SECOM)
As rochas existentes nesta região do estado, são conhecidas
como arenitos, associadas à "Formação Marília", que abrange vastas
porções do centro-oeste e norte do estado, além do oeste de Minas Gerais e sul
de Goiás. Em todas essas rochas se encontram vestígios de dinossauros, e os
primeiros relatos sobre titanossauros vem da região de Uberaba, no Triângulo
Mineiro, nos anos 1940.
MAIS ACHADOS
Após as coletas desses fósseis, no início dos anos 2000, Nava
foi escavar em outros sítios paleontológicos, deixando um pouco de lado as
escavações em Pompeia, mas retornou de tempos em tempos para analisar as rochas
e averiguar possíveis novos achados. Foi assim em 2016, quando retornou e
encontrou, margeando um dos lados da estrada, sob camada de solo, diversos
restos ósseos expostos em meio ao arenito. Retirou esse material, identificado
posteriormente como fragmentos de costelas, certamente do mesmo titanossauro
escavado anos antes. Agora em 2018, nova inspeção de rotina no leito da
estrada, revelou novos achados ainda não reconhecidos pelo pesquisador. Ele
acredita que se parte da camada de solo existente sobre as rochas for removida,
outros fósseis poderão surgir.
Femur de Titanossauro descoberto na estrada do Mil
Alqueires em 1994